quarta-feira, julho 15, 2009

É muito triste...

Na minha rua há dois cafés... e há um certo grupo de pessoas, da minha rua e de algumas ruas aqui perto, que passam basicamente o dia todo na esplanada de um desses cafés. Sem exagero. Sempre que passo lá ao pé elas estão lá. E o que tem em comum esse grupo de pessoas?... Recebem o rendimento mínimo. Maravilha. Eu e muitos outros estamos a pagar para eles estarem lá o dia todo em amena cavaqueira a gozar com quem trabalha. Alguém me explica porque é que não há ninguém a fiscalizar estas situações? Isto irrita-me bastante mas há pior! Tendo a profissão que tenho já me habituei a ter pessoas a virem ter comigo a perguntarem se os abonos já chegaram ou estão a sair mas confesso que não estava preparado para o que me aconteceu ontem. Estava eu muito bem a fazer o meu giro e vejo ao longe uma miudinha que vinha na minha direcção. Mal me chegava ao joelho e vinha de braços esticados como que a pedir qualquer coisa... Chega ao pé de mim e diz:

Miudinha - 'bono!

Haviam de ver a minha cara! Fiquei estupefacto! Não com a rapariga, coitada, que nem deve saber o que um abono é (apenas copiava o que via os pais a fazerem sabendo que aquilo os deixava contentes) , mas com o facto de existirem pessoas a contagiarem crianças com a febre do dinheiro, especialmente quando essas mesmas pessoas não fazem absolutamente nada para o ganharem! Mas que exemplos são estes?! A continuarem assim as coisas que tipo de pessoa vai ser aquela rapariga quando crescer?

Como dizia o outro... "Estou furibunda!"






7 comentários:

Ianita disse...

É pena que uma medida boa seja depois, na prática, isto a que assistimos...

Ajudávamos se não comprássemos em feiras e se pedissemos sempre factura depois de comprarmos algo... pelo menos não recebiam de dois lados...

E assim talvez sobrasse para ajudar quem é doente e não pode trabalhar... ou mães solteiras... ou viúvas... porque esta é uma medida boa... só que a rede é demasiado larga...

Ana disse...

Isso faz-me lembrar a cena do "Feios porcos e maus" em que os netos levam a avó de cadeira de rodas, todos contentes, pra ir buscar a reforma dela!
E sim, as pessoas que parecem viver na tasca, ovelha-me-deus, aqui em Benfica também temos umas quantas assim...

Missanguita disse...

Realmente! É obra!
E eu achava que já tinha visto tudo quando vi avózinhas de noventa anos com 3 caixas de pípula em receita!

lélé disse...

Exploração infantil!
Nunca concordei com o rendimento mínimo garantido. Acho que devia ser antes trabalho (remunerado, claro!) mínimo garantido...

Rice Man disse...

Ianita... Conheço algumas pessoas que trabalham muito para terem as suas coisas à venda em feiras, sendo que isso apenas representa um complemento aos seus rendimentos... e não tenho nada contra isso. Só me irritam as feiras em que claramente só se vendem produtos roubados.
Pedir factura é de facto uma boa ideia... só gostava que arranjassem um meio mais 'verde' de fazer a coisa. É que são árvores a ir abaixo para coisas muitas vezes sem a menor importância!
Tens razão, a rede é demasiado larga... mas infelizmente não podemos usar o honor sistem, tem de haver fiscalização... o que até poderia dar emprego a algumas pessoas!

Gominha... :DD Eu lembro-me dessa cena!
Oh pá, tu nem te passa pela cabeça ao que isto chegou!... Há pessoas que até dão a morada do café para receberem as cartas que dão dinheiro!

Missanguita... 3 caixas de pípula?!?! Pois, não sei o que é uma pípula mas 3 caixas deve ser muito!... Estou a brincar!! ;)
Isso faz-me lembrar aqueles casos nos Estados Unidos em que os adolescentes pedem a alguém mais velho para ir comprar bebidas alcoólicas. :)

Lélé... Nem mais! Até porque aquelas pessoas têm bom corpo para trabalhar. (Sinto-me tão velho ao dizer isto! :D)

lélé disse...

Não é só a questão do "bom corpo"... É um direito cívico, uma forma de dizer a essas pessoas que elas são válidas, uma maneira de as responsabilizar por alguma coisa... É não deixar que percam a dignidade.

Rice Man disse...

Lélé... Tens toda a razão, claro. Até porque muitas vezes perdem-na sem darem por isso.