Acho sempre muito engraçada a reacção das pessoas quando lhes digo ou descobrem isto (a parte de ter chorado a ver o filme 'A Mosca 2'). :) Eu não chorei por causa de uma mosca propriamente dita (mas rio-me sempre quando as pessoas pensam isso), foi por... como hei-de dizer isto sem revelar muito?... Foi por um momento à Old Yeller, por assim dizer. Mas o que eu gosto mais na reacção delas é o facto de me lembrar que a mesma coisa desperta sentimentos diferentes em pessoas diferentes. Podemos ver a mesma coisa, a luz que entra nos nossos olhos é a mesma e é transformada nos mesmos sinais eléctricos mas depois os cérebros tratam a informação de maneira diferente. Não há duas pessoas iguais. Nunca ninguém viveu exactamente as mesmas coisas nem lidou com elas da mesma maneira o longo da sua vida. Entre outras coisas, é por isso que não faço pouco de pessoas que choram por causa de coisas que a mim nunca o fariam. E sei que o que vou mostrar a seguir não é exactamente a mesma coisa mas gosto muito dos exemplos. Primeiro o cubo/paralélipipedo:
Imaginando que aquela face colorida é de um azul transparente podemos vê-la como a face que está mais perto ou como a face que está mais longe de nós. Outro exemplo que gosto muito é o do beija-flor. Há muito tempo um português olhou para ele pela primeira vez e pareceu-lhe que estava a dar pequenos beijos às flores, dando-lhe assim esse nome. Por essa mesma altura um inglês olhou para ele também pela primeira vez e achou graça ao barulho que fazia ao voar, dando-lhe assim o nome 'humming-bird'. As mesmas coisas podem ser vistas de maneira diferente por pessoas diferentes, podendo ambas estar certas.
7 comentários:
Não podemos ver uma onda... podemos vê-la pela nossa perspectiva, mas nunca poderemos ver uma onda por inteiro... porque ver uma onda por inteiro é vê-la de frente, de trás, de cima, de baixo e dos lados todos ao mesmo tempo e isso não é possível...
"Em suma, não se pode observar uma onda sem levar em conta os aspectos complexos que concorrem para formá-la e aqueles também complexos a que essa dá ensejo. Tais aspectos variam continuamente, decorrendo daí que cada onda é diferente de outra onda; mas da mesma maneira é verdade que cada onda é igual a outra onda, mesmo quando não imediatamente contígua ou sucessiva; enfim, são formas e seqüências que se repetem, ainda que distribuídas de modo irregular no espaço e no tempo."
Além do mais, "Prestar atenção em um aspecto faz com que este salte para o primeiro plano, invadindo o quadro, como em certos desenhos diante dos quais basta fecharmos os olhos e ao reabri-los a perspectiva já mudou."
Este "fechar os olhos" pode ser o passar do tempo... com o passar do tempo a nossa própria perspectiva muda, porque nós mudamos.
A História está cheia de estórias... porque é escrita por homens, subjectivos. Heródoto, o pai da História, escreveu livros cheios de fábulas...
O tempo tudo muda. Não há verdades Universais. Há perspectivas.
E duas perspectivas opostas não implica que uma delas obrigatoriamente esteja errada...
Sorry... as citações são de um livro fantástico do Italo Calvino "Palomar"...
Ianita... Falou e disse! :) Muito bem, concordo plenamente com tudo o que disseste.
Concordo em absoluto. Cada um de nós viveu experiências muit próprias, desenvolveu a sua própria sensibilidade e relação ás coisas.
E independentemente do motivo aparente pelo qual se chora (pegando no teu exemplo), a emoção de fundo é a mesma. Algo nos tocou profundamente. E isso não é "julgável". Pura e simplesmente não é.
Beijos.
Lita... É isso mesmo! :) Disseste mais e melhor nesses dois pequenos parágrafos do que eu naquele texto todo. Aliás, gostei tanto do teu comentário que acho que merece estar no post propriamente dito para ficar mais visível. Posso colocá-lo lá?
Adorei a tua teoria dos beija-flores, pá! Vou adoptá-la!
Gominha... Muito obrigado! :) Estás à vontade, mi casa es su casa. ;)
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