A noite.

Uma das coisas de que mais gosto quando vou à terra dos meus pais é a noite. A noite no campo. Gosto de conseguir ouvir os grilos, os mochos/corujas, os uivos dos cães a quilómetros de distância, as baladas do sino da igreja da nossa aldeia e da mais próxima... Há uns tempos para cá houve um rouxinol que se instalou lá ao pé de casa. Durante o dia o seu canto até é capaz de passar despercebido no meio do chirriar de todos os outros pássaros... mas este rouxinol em particular gosta de cantar à noite! E que belo que é o seu canto a ecoar pelo vale fora, debaixo de um céu estrelado! :) Isso é outra vantagem do campo... Não há poluição, não há prédios nem luzes brilhantes artificiais que nos impeçam de ver as estrelas no céu! Há poucas coisas melhores que poder olhar para cima numa noite sem nuvens nem vento e só ver estrelas, milhares e milhares de estrelas, reconhecer as constelações, ver a Estrada de São Tiago melhor que a estrada debaixo dos nosso pés, ver a Lua brilhante e as sombras nocturnas que proporciona, ver estrelas cadentes em todas as direcções, especialmente em Agosto... Recentemente reparei numas luzes muito ténues que se deslocavam em linha recta e velocidade constante pelo céu nocturno. Não eram aviões porque esses ouvem-se e reconhecem-se bem... Ocorreu-me que poderiam ser satélites artificias ou pequenos pedaços de lixo espacial. Não sei se é realmente possível ver a luz do Sol reflectida nesses satélites ou pedaços de lixo mas, não sei bem porquê, gosto de pensar que sim, que consegui ver algo que muitas pessoas nunca conseguirão. Gosto de me lembrar que não é só na escuridão que se escondem coisas, que algumas também se escondem na luz...